Nasci em uma família católica. Fui batizada, fiz primeira comunhão, crismei… e até os 18 anos permaneci nessa religião. Mesmo sendo praticante e frequentadora assídua (assistia às missas, participava do coral da igreja, tocava violão, etc.), sempre senti que faltava algo dentro de mim.
Durante a infância tive muitos problemas espirituais: processos de obsessão, ataques espirituais noturnos, incorporação involuntária nas madrugadas, visão apurada, entre outros. Isso fez com que minha mãe me levasse em diversas benzedeiras. Então desde pequena estive em contato com a energia dos pretos e pretas velhas através dessas benzedeiras, com a magia de cura e com a magia das ervas.
Ainda criança, com apenas 10 anos de idade, me lembro que sonhava comigo adulta, junto de uma mulher negra, vestindo preto, à frente de um terreiro de Umbanda falando sobre espiritualidade e conduzindo pessoas em trabalhos de desobsessão. Por anos, constantemente tinha esse sonho. Naquela época eu não tinha ninguém, nenhum familiar ou conhecido da família que pudesse me instruir. Não haviam terreiros e não se falava sobre mediunidade ou espiritualidade na minha cidade.
Assim começou a minha busca incansável por explicações e conhecimento.
Aos 19 anos, ainda com muitas visões e problemas espirituais, fui buscar auxílio no espiritismo. Frequentei, estudei e trabalhei como voluntária na casa espírita Maria de Bethania (Zona norte de São Paulo) por 05 anos.
Mas aquela sensação de vazio que sentia ainda estava dentro de mim.
Por ironia do destino, através de um professor dessa casa espírita que eu frequentava, fui conhecer um terreiro de Umbanda e me apaixonei. Talvez somente a partir daí o meu coração passou a bater de verdade e o vazio que eu sentia começou a ser preenchido.
Iniciei meu aprendizado sobre a umbanda assistindo incontáveis vídeos, palestras, lendo inúmeros livros… até que comecei a incorporar em casa a Pombo Gira Maria Mulambo. Lembra daquela mulher negra, vestindo preto com quem eu tanto sonhei? Agora eu sabia que era ela! A cada 15 dias Maria Mulambo vinha trazendo ensinamentos e lições até que, a pedido de meus guias, fiz o curso de Magia do Fogo e fui buscar um local para seguir estudando.
Nessa época eu já estava formada em medicina veterinária e trabalhava para me sustentar.
Comecei meu desenvolvimento mediúnico no Templo Escola Casa de Lei, com o pai Alan Barbieri e logo em seguida minha preta velha passou a se manifestar em casa, dando atendimento a quem precisava.
Decidimos procurar um local para alugar e foi assim que, aos 24 anos de idade, fundei o Casa de Mulambo. Ministramos cursos de Magia Divina, Doutrina Umbandista e abrimos para dar atendimento ao público que nos procurava.
Após 03 anos de funcionamento, Maria Mulambo pede para que eu me inicie em Orixá Exu. Eu sempre soube que o Culto Tradicional Yorubá faria parte da minha história e da história da Casa de Mulambo, só não imaginei que seria tão rápido. É como se eu realmente precisasse ter trilhado esse caminho para reconhecer e valorizar meus antepassados.
Então, com 27 anos ministrei um dos maiores cursos de baralho cigano junto ao Pai Alan. Esse curso, com mais de 300 alunos, foi campeão de vendas e o que recebi de comissão me ajudou financeiramente a começar as iniciações que eu precisava.
Conheci a Mãe Monica Berezutchi, no curso de Sacerdócio do Pai Alan. Com ela fui iniciada em Orixá Exu e Oxum, no Ile Ase Osuntoke. Foi ela também quem me levou ao Oduduwa Templo dos Orixás, para minha iniciação em Ifá e outros Orixás, através das mãos das maiores Iyalorisas e Babalorisas africanos.
Desde então, venho me dedicando diariamente a estudar e compreender a filosofia de vida do Culto Tradicional Yorubá. Por muitos meses fui ao Ile Ase Osuntoke aprender na prática sobre Ebós, Boris, Ipesses, cânticos e louvores aos Orixás, sempre procurando vivenciar as virtudes que cada um deles nos oferece.
Mas sei que esse é um caminho que apenas começou… Que os guias e Orixás me guiem para que eu faça o melhor por mim e por todos aqueles que me procurarem. Asé.